Bolsonaro chegou ao poder. E agora?

Bolsonaro chegou ao poder. E agora?
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A mais nova autoridade do maior país da América Latina é uma pessoa que declarou que “colocará um fim a todos os ativismos” do país, que fez declarações racistas, machistas e homofóbicas durante a campanha. Na Cidadania Inteligente apoiamos o livre exercício da cidadania e defendemos a orientação ao voto (não poderia ser de outra forma, pois é parte essencial do sistema de governo que valorizamos e defendemos dia a dia). No entanto, vemos riscos para o espaço cívico, lugar esse que a cidadania expressa suas convicções e pressiona mudanças, cuja a base entendemos que se encontra o respeito dos direitos políticos, sociais e econômicos duramente conquistados ao longo da história.

Estamos diante do risco de um presidente que tem mostrado desdém pelos direitos humanos reprima a quem está mais vulnerável. Uma autoridade que a equipe declarou ignorar o resultado das eleições caso perdessem. É urgente que organizações e indivíduos atuem para proteger o que temos avançado em décadas de ativismo.

Para nós, a democracia é mais que um mecanismo de eleição de representantes. É um sistema de governo que reivindica as diferenças, que nos ensina o poder do diálogo e entendimento, e inclusive de ceder quando for necessário.

A democracia não deve ser uma ferramenta para que discursos de ódio cheguem ao poder e em breve acabem com ela. Hoje devemos lutar pela segurança das minorias eleitas, por exigir o monitoramento internacional constante para a proteção dos direitos das mulheres e entregar garantias a grupos da sociedade civil para que possam defender os direitos humanos. Aqui propomos quatro ações chave para conseguir isso:

  • Não normatização do discurso de ódio de Bolsonaro: Como comunidade internacional, devemos combater de forma contundente a “normalização” do discurso político do presidente eleito Bolsonaro. Que com sua eleição adquire maior responsabilidade, e a incitação ao ódio e discurso contra direitos devem ser fortemente condenados.

  • Promoção do diálogo cidadão e formação cívica digital: devemos executar ações direcionadas a reduzir o confronto, promover o diálogo e reduzir a polarização entre a cidadania, incluindo a liberdade de expressão, trabalhando para melhorar o ecossistema informativo e a formação cívica, especialmente digital.

  • Apoiar as novas lideranças políticas eleitas, para que estas, desde a oposição, defendam os direitos da população brasileira, e impeçam retrocessos, assim como enfraquecimento internacional.

  • Monitorar a administração de Bolsonaro: um Observatório de Direitos e Políticas Públicas que permita monitorar áreas prioritárias, evitar o possível retrocesso em temas chave, mobilizações para impedir o retrocesso de direitos e impulsionar uma agenda pública

Na Fundação temos construído muitas ferramentas que nos permitem trabalhar olhando para essas ações. Nossa vontade de lutar por democracias, hoje, é mais fortes que nunca. Nesse contexto aproveitamos para dizer a toda a cidadania brasileiras, as mulheres negras, as pessoas trans: estamos aqui. Cidadania Inteligente e sociedade civil em todo Brasil, estamos com vocês e não vamos nos cansar.

Com isso, começamos a trabalhar mais incansavelmente que antes. Lançaremos novos projetos, novas alianças, novas ferramentas, para que a voz de vocês não seja calada, por mais que muitos queiram. Para esses pontos de ação que sugerimos se ativem imediatamente. Para não normatização do ódio, não aumento da polarização que leve a violência generalizada. Para recuperar a saúde da democracia. Em um momento de incertezas, nos movemos para a certeza: juntas e juntos somos mais fortes!