JUVENTUDE, FERRAMENTAS E POSSIBILIDADES DE TRANSFORMAÇÃO 15 de Junio, 2018 Tiempo estimado de lectura, 4 minuto(s) “Total de mortes violentas no Brasil é maior do que o da guerra da Síria. Em 11 anos, Brasil enterrou 553 mil pessoas, segundo o Atlas da Violência.” Este trecho é parte do artigo da Folha sobre a última edição do Atlas da Violência desenvolvido pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado semana passada. A publicação se propõe a ser um raio x do cenário brasileiro, trazendo análises e indicando tendências no campo da violência no Brasil. Uma forma de dimensionar os impactos da violência no Brasil é comparar que esse recorde de homicídios, com 550 mil mortos são mais da metade do número de soldados ingleses, franceses e italianos que perderam a vida durante a 2a Guerra Mundial. O mapa tem representação importante em território nacional pois faz um compilado das diferentes formas de vioIência vividas pela população, incluindo a juventude. Segundo análise do Nexo Jornal, 4 pontos são essenciais de serem visualizados para melhor entendimento dos impactos: 1_ População de jovens e negros é a maior vítima A maioria dos homicídios, 92,6%, é de homens, e hoje, a violência é o grande fator a levar morte de jovens no Brasil, sendo a maioria negra. Um dos pontos críticos que impulsionam a morte de jovens negros é a atuação das próprias polícias. 2_ Contexto da piora Ao passo que houve relativa estabilidade na taxa de homicídios entre estados de Sudeste e Centro-Oeste, houve aumento entre os estados do Norte e Nordeste. 3_ Políticas públicas positivas Algumas políticas públicas estaduais voltadas para a redução de homicídios conseguiram reduzir a violência. Vale ressaltar que, a responsabilização e envolvimento das lideranças políticas foram um grande impulso para a melhoria da taxas. 4_ Notificação de estupros aumenta “Pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher” de 2016, foi citada no Atlas e publicada em parceria com a Universidade Federal do Ceará, Universidade de Toulouse, na França, e o Instituto Maria da Penha. 50,9% Das vítimas de estupro registradas pelo Ministério da Saúde em 2016 tinham até 13 anos de idade. Outros 17% tinham entre 14 e 17 anos. E 32,1% eram maiores de idade. Outro dado que pode ser somado a questão da violência praticada contra crianças é que em Abril de 2018, a ONG Visão Mundial, colocou o Brasil em primeiro lugar como o mais violento na percepção da sociedade em comparação com 13 países da América Latina. Algumas formas de violência consideradas foram o abuso físico e psicológico, trabalho infantil, casamento precoce, ameaça online e violência sexual. As estatísticas não param por aqui. Além das violências letais (mortes derivadas de conflitos causados por armas letais) segundo o IBGE, o número de jovens de 16 a 29 anos que nem trabalham nem estudam, conhecidos como nem-nem estava em 11,6 milhões em 2017. Essa relação não se dá por conta da baixa frequência escolar, mas sim pelo aumento da desocupação e o envolvimento com outras atividades, como por exemplo, afazeres domésticos e cuidado com os filhos/ parentes; falta de ocupação adequada e falta de experiência profissional. Esse tipo de violência, onde faltam políticas públicas que garantem estrutura básicas como o não sucateamento de instituições públicas, oportunidades de capacitação e desenvolvimento da juventude, nesse caso; são conhecidas como violência de acesso. Entender, estudar e pesquisar esses tipos de análise são fundamentais para qualificar a política pública. Atualmente, monitorar o desempenho e eficácia das medidas tomadas só são possíveis devido aos dados! Amanhã começa a primeira edição da Escuela de Incidencia no Brasil e trataremos exatamente a problemática da violência e seus diversos aspectos no território Brasileiro. A questão norteadora para a seleção dos participantes se deu em buscar entender “como a violência impede a participação da juventude na política.” Para responder tal provocação foi necessário que xs candidatxs apontassem quais tipos de violência atravessam suas atuações. Um ponto extremamente relevante e sintomático nesta pequena análise de inscrições é entender que a maioria das pessoas que submeteram projetos que combatem situações como racismo institucional, violência de território/educacional, violência de gênero entre outros, nos leva refletir que iniciativas de solução derivadas de embates sócio-culturais ainda estão concentradas nas populações minorizadas que sofrem tais agressões. Nossa proposta com a Escuela é formar e impulsionar lideranças para que em um sistema de rede, possam atuar diretamente no desenvolvimento de propostas capazes de minimizar o impacto e a velocidade que essas agressões atravessam a juventude brasileira. Fonte: Folha Nexo Jornal